Não sei o que fazer. Não me apetece fazer nada. Só me resta ceder e ficar em silêncio. Heis o que surge:
"Eu sou valiosa. Eu tenho poder. Eu sou capaz. Eu amo-me, e apesar de tudo, ergo-me para além da dor. O passado já não me controla. Eu sou inteira e sou feliz"
Aqui estou eu, num momento de tédio, a sentir-me melhor do que esperava. Existe receio de que no vazio surja a dor. Suponho que... a dor já se tornou hábito tal que para além dela surge a plenitude. O silêncio hoje não é tão assustador, é só regado com "continuo sem saber o que fazer".
Todas as distrações não estão mais a funcionar. Devo ter mesmo melhorado que agora só me resta procurar o melhor para mim. Tem momentos na vida que refletimos isso mesmo - o que eu tenho de fazer agora por mim?
Estou no meu quarto a escrever isto enquanto olho para a minha camisola cheia de pelos de gato e penso que o mundo corre lá fora e eu estou aqui. Parada. Estou bem, mas parada.
Cheguei à conclusão que evolução é surfar na dor. Percebi que apesar dela está tudo bem. Ela vai e vem e continuo aqui: Inteira. A contemplar um vazio que não para de me falar.
E já não me apetece fazer mais anda. Dentro de mim, estou bem. já que não preciso de fazer nada, nem de dizer mais nada.
O silêncio já não exige, não pede, não faz barulho.
Ele fala, diz-me que está tudo bem. Fala a língua da serenidade. Diz-me aquilo que preciso ouvir. É tão agradável que apetece-me fechar os olhos. A minha consciência não me pesa. Estou em paz. Não é o meu interior que me pede para correr. É o mundo lá fora, ele continua, continuam todos a correr. É o mundo lá fora, com as suas ações que me ferem, eu aqui, comigo, estou bem.
Sempre pretendi ser a paz no mundo. Se o mundo não a quer para si que não me a tente tirar. Não temam para sempre o silêncio, ele só devolve o que são. A paz que eu sou, agora, já ninguém a consegue tirar"